Tenho refletido muito esses dias.
Sobreviver a esse distanciamento social causa efeitos diferentes em cada um de nós. E é normal, cada um tem uma maneira de lidar com as crises. Mas pra mim, e acredito que pra mais algumas pessoas, o desafio é conviver com o nosso eu. Convivemos com nós mesmos, mas sempre com a interferência dos outros. Estamos sempre saindo, cumprindo eventos sociais ou de trabalho, dividindo momentos com a famÃlia ou amigos. E de repente nos vemos obrigados a convivermos exclusivamente com nosso eu.
Veja bem, essa é a visão de uma mulher solteira e sem filhos, que divide a casa com os pais, mas que ainda assim tem um espaço reservado. Essa está sendo a minha experiência. Sei que a realidade de muitos com crianças em casa, famÃlias grandes, ou diversas outras situações é diferente, mas aqui estou falando da minha experiência.
Pois bem, como eu já tinha dito em outro post, passei por várias fases já logo nos primeiros dias, e o primeiro impulso foi o de querer fazer tudo o que me aparecia pela frente. Claro que deu ruim. Pra saúde do meu corpo e da minha mente. Daà eu parei. Resolvi entender que o corpo e a mente precisavam assimilar a nova realidade, e eu ia ter que iniciar um relacionamento intenso com uma das pessoas mais difÃceis e complicada que eu conhecia: eu.
Louco isso, comecei a questionar tudo. O meu trabalho, meus relacionamentos, meus gostos, minhas vontades, buguei totalmente. Mas agora sinto que estou flertando com o equilÃbrio. Comecei a perceber coisas que realmente eu gosto e que podem me fazer feliz, como por exemplo usar fio dental ( o do dente mesmo) . Parece bobagem né? Mas imagina vc parar um momento e sentir aquele alivio do pedaço de carne preso no dente lá do fundo, saindo. Pequenos momentos de auto cuidado, começaram a ter outro significado, porque a gente depende deles pra sobreviver. Quando a gente fala em auto cuidado, a gente pensa naquele spa day cheio de essências incrÃveis regados a champanhe. E o meu momento foi com fio dental regado com listerine. Pode ser viagem minha sabe? Pode ser efeito do isolamento, mas ressignificar as coisas da minha rotina é o que tem me ajudado a sobreviver a essa pandemia. Não vou falar da música nesse post. Ainda não estou preparada, pois é muito assunto, mas ela tem estado comigo todos os dias, em diferentes situações e de diferentes formas. Acredito que falarei sobre isso com mais detalhes em outro texto. Mas todas as artes tem me trazido momentos de paz no geral, desde a literatura até os doramas no Netflix (uma hora faço uma lista).
Terminando minha reflexão do dia, penso o seguinte:
1. Sou grata por estar sobrevivendo a essa pandemiaÂ
2. sou grata por ter os meus com saúdeÂ
3. as pequenas coisas contam
4. aprendi que não preciso de muita coisa pra viver (uma hora falo como joguei muita coisa fora)
5. A arte é essencial
6. a música tem sido vital
7. Peço a Deus que nos guarde e cuide dos que estão enfermos ou perdendo queridos .
8. Aguardo para entender minha responsabilidade no mundo com o próximo após a pandemia
Me contem como está sendo esse perÃodo pra vocês !
Um beijoÂ
Keila Abeid
Comments